Enviada em: 16/06/2019

Lançado em 1990 o álbum "Holocausto Urbano" do grupo de rap Racionais MC's apresenta canções que permeiam desigualdades sociais, racismo e violência na maior metrópole brasileira, São Paulo. Passados 30 anos de seu lançamento, a denúncia dos panoramas sociais da violência urbana encontrada nas letras, progrediram para a maioria das cidades brasileiras. Diante de tal avanço, cabe analisar as causas, consequências e possível medida para mitigar o terrível cenário posto.  Convém, primeiramente, destacar a fragilidade do poder público em tratar a origem principal dessa mazela urbana: as injustiças sociais e raciais. De acordo com o sociólogo especialista em violência Sergio Adorno, o Estado apresenta-se mais como fomentador da violência urbana do que uma instituição responsável em tratar sua origem. Dessa forma, o que se configura é um dantesco ciclo de violência com um Estado que abusa da força policial, aumenta a população carcerária e omite políticas eficazes no combate às desigualdades existentes.  Em razão disso, por não tratar a causa principal, o que ocorre é a violência urbana figurar como catalisador de mais injustiças sociais e raciais. Segundo o Atlas da Violência de 2019, mais de 75% das vítimas de homicídio em 2017 no Brasil eram negras. Configura-se, portanto, uma realidade perversa que tem como alvo aqueles que se encontram à margem da sociedade e sofrem das injustiças praticadas ora pelo Estado, ora pela própria sociedade.  É necessário, portanto, a fim de reduzir tais estatísticas, a cooperação de municípios, estados e governo federal para a construção de políticas sociais eficientes, como a assistência básica, escolas em tempo integral, de modo que as novas gerações tenham seus direitos garantidos. Desse modo, o álbum "Holocausto Urbano" representaria uma realidade que ficou no passado.