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Enviada em: 29/06/2019

No caos, ninguém é cidadão  Visto que, no Brasil, apenas os casos de assassinato cresceram em 237% nos últimos 20 anos (segundo a ONU), a discussão sobre violência urbana se torna necessária e urgente. Tal fato é um grande responsável pela queda da qualidade de vida dos cidadãos, principalmente para aqueles que já se encontram em situações de desfavorecimento estrutural.  Desde o Êxodo Rural no final do século XX, as cidades estão crescendo de forma desenfreada, resultando no aumento de áreas periféricas e na distribuição desigual de serviços públicos necessários e garantidos pela Constituição. A falta de segurança pública é um dos maiores fatores para, nas periferias brasileiras, a violência ser parte do dia a dia dos moradores; o combate às facções criminosas é falha, mesmo sendo elas os principais vetores da violência extrema. Além disso, a desigualdade social instaurada na estrutura do nosso país, sofrida pelas mulheres e negros, faz vítimas com números assustadores: 12 mulheres e 63 negros, respectivamente, mortos todo dia. Podemos citar como exemplo o caso ocorrido em abril deste ano, em que um músico foi morto com aproximadamente 80 tiros no carro com sua família por uma falha ação militar; ou também o registro de 37 casos de feminicídio nos primeiros 3 meses do ano (aumento de 76% em relação à 2018).  Contudo, os métodos utilizados pelo Estado para combater tais números assustadores estão tendo o efeito contrário, como a Intervenção Federal no Rio de Janeiro em 2018 pelo combate ao tráfico e violência, que apresentou apenas aumento nos números de mortos em tiroteios.  Em virtude dos fatos mencionados, se observa a grande necessidade de atenuar ao máximo as desigualdades sociais, com investimento em saúde e segurança pública, educação inclusiva para todos e novos postos de trabalho. Ao oferecer oportunidades e proteção àqueles que são negligenciados pelo Poder Público, há uma diminuição significativa da procura pelo crime e, consequentemente, das repressões militares que fazem muitas vítimas inocentes em seus confrontos com criminosos. Convém lembrar também que a conscientização do cidadão pela procura dos direitos coletivos é algo importante, pois a força coletiva sempre é maior. Como a banda Os Paralamas do Sucesso dizem em sua música "O Calibre", "Entrincheirado, vivendo em segredo/ E ainda diz que não é problema seu."