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Enviada em: 27/07/2019

"Fugere Urbem". Para os líricos do Arcadismo, a cidade não era o ambiente ideal para viver, pregavam, portanto, o termo em latim, a fuga da urbanidade como meta para alcançar a felicidade. Fora do âmbito literário, a realidade não é diferente, visto o alto índice de violência urbana. Isso se evidencia pela ineficiência governamental no combate aos problemas urbanos, principalmente os que afetam a segurança pública, criando os árcades contemporâneos.                                                                                                                      Em primeiro lugar, é importante destacar que a criminalidade excessiva é consequência da formação histórica-social do Brasil. Herdeira de um modelo escravista e autoritário, a sociedade brasileira formou-se através da desigualdade econômica e racial. Nesse aspecto, os indivíduos mais frágeis socialmente, seja por falta de perspectivas ou estruturação familiar, apresentam maior probabilidade de encontrar na criminalidade a forma de sustento e reconhecimento. Segundo dados do Fórum de Segurança Pública, a violência é maior quando analisada a população mais pobre, inclusive negra e jovem.        Por conseguinte, presencia-se uma violência urbana sistêmica que é alimentada pela falta de estruturação no sistema carcerário. A ineficácia do atual modelo está relacionada a problemas de gestão e à falta de oportunidades de trabalho e de educação para os detentos nos presídios, que acabam voltando à criminalidade e até exercendo crimes diferentes dos quais foram presos. Segundo o determinismo biológico, o meio influencia o indivíduo, ou seja, o sistema carcerário tem grande participação na moldagem da personalidade do detento e influenciará no seu comportamento no fim da pena.        Torna-se evidente, portanto, que a questão da violência urbana é complexa e merece destaque pelo poder público, visto que envolve problemas sociais. Cabe ao Ministério da Justiça e Segurança Pública realizar campanhas, midiáticas e escolares, de estímulo à consciência crítica sobre o complexo quadro da segurança pública a fim de realizar uma desconstrução de estereótipos. Associado a isso, o Ministério pode trabalhar em parceria com ONGs, realizando projetos sociais de combate à desigualdade, levando a comunidades melhores oportunidades, como cursos profissionalizantes e educação.