Materiais:
Enviada em: 05/06/2018

Não é difícil imaginar esta cena: uma cidade, reconhecida por ser tranquila aos olhos dos cidadãos, apresenta uma população com segurança, liberdade e respeito, de modo que a justiça está em qualquer circunstância. Esse cenário - retratado por Thomas More em seu livro “Utopia” - relata o que seria uma sociedade perfeita. Entretanto, contrariando tal perspectiva literária, o Brasil se mostra violento e insuficiente na garantia de direitos, uma vez que tratam somente das consequências, esquecendo-se das causas. Em primeiro lugar, é crucial discutir sobre os principais motivos do aumento de violência no país. Essa problemática vem desde o governo de Getúlio Vargas, em que a falta de infraestrutura e planejamento do Estado durante o projeto de industrialização, contribuíram para aumentar o abismo entre as classes sociais. Tal fator ocorreu porque um grande contingente populacional foi atraído para os centros urbanos sem garantia de estabilidade econômica. Somado a isso, a mídia como influenciadora, ao apresentar notícias de violência, expõe apenas um ponto de vista, que na maioria das vezes, gera preconceito com as favelas e atribui uma visão negativa desses indivíduos, dificultando ainda mais a ascensão social. Nesse sentido, vale visualizar também, as consequências trazidas por essas atitudes, para a sociedade como um todo. Segundo a ONU, o Brasil apresenta um índice de 29,7 mortes violentas por ano a cada 100 mil habitantes, quase cinco vezes maior que a média global. Esses fatos estão mais presentes porque a insuficiência de políticas públicas submete os periféricos à realização de crimes como forma de sobrevivência e, entre outros fatores, a descrença na capacitação de policiais, acarreta no surgimento de justiceiros que procuram punir os autores do crime com “as próprias mãos”, gerando uma guerra infinita de classes. À vista disso, é inegável que a desigualdade traz sequelas para o brasileiro e pode ir de pequenos furtos a assassinatos. Torna-se evidente, portanto, que a situação de segurança na sociedade brasileira é de calamidade e medidas paliativas não são suficientes. Para tratar o problema desde a origem, o poder executivo pode potencializar a oferta dos serviços públicos, oferecendo possibilidades de melhoria de vida para os marginalizados, principalmente, nos setores de educação, saúde e infraestrutura. Ademais, o governo deve proporcionar maiores investimentos financeiros em equipamentos e treinamento para as forças policiais, para que a violência seja sanada com ética e responsabilidade. Só assim, que talvez possamos chegar o mais próximo da realidade utópica da cidade de Thomas.