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Enviada em: 03/07/2018

Feudos modernos       A feudalização da Europa é uma característica da Idade média e foi motivada pelas invasões barbáras, frequentemente violentas. No Brasil contemporâneo, a proliferação de condomínios faz paralelo a esse fenômeno, já que, tais construções visam proteger seus habitantes da criminalidade das cidades. Assim, a priori, a violência urbana resulta da ineficácia do Estado em suprir as tensões sociais que florescem entre a população brasileira, marcada pela desigualdade econômica.       Dado o exposto, é possível afirmar que o contraste financeiro vigente é uma construção histórica. Para ilustrar, Delfim Neto, economista do governo ditatorial, estabeleceu a distribuição de renda como uma não prioridade ao determinar que o bolo econômico precisaria crescer para só então ser repartido. Além desse evento, o Brasil, assim como outros países sul americanos tomados pela "onda vermelha", presenciou a ascenção de partidos populistas na década de 2000, porém, apesar da adoção de medidas afirmativas como o "bolsa família", a desigualdade de renda segue como um dos principais formentadores da criminalidade urbana.        No que tange a sociedade brasileira, o Estado, segundo Max Weber, possui o monopólio de uso de poder para interceder na conjuntura social formada pelo disparate monetário, contudo, a ineficácia do agente institucional permite a manutenção do status quo. Nesse sentido, o vácuo de segurança pública em setores da cidade viabiliza o "estado de natureza", teorizado por Thomas Hobbes, em que os homens vivem em perpétuo conflito, visto a ausência de um regime que finalize tal anarquia. Dito isso, o governo do Brasil deve inspirar-se no dito de Pitágoras, "Educai as crianças e não será preciso punir os homens", para arquitetar uma reação à violência urbana.       Em conclusão, para que a construção dos feudos modernos deixe de ser necessária, o Estado deve agir de forma eficaz para suprir as tensões sociais oriundas da desigualdade econômica no Brasil. Portanto, o Governo Federal deve dispor verba para que o Governo Estadual adapte as escolas de ensino médio, a fim da implementação de um modelo profissionalizante, planejado pelo Ministério da Educação. Nesse sistema, o jovem deve receber uma bolsa-auxílio capaz de suprir seus gatos básicos, além de primeiro emprego garantido, via parceria do Estado com empresas privadas. Em síntese, o objetivo da ação é a ascenção econômica dos jovens por meios legítimos e a consequente redução da violência urbana.