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Enviada em: 17/07/2018

"... Mas se o assalto é em Moema, e o assassinato é no Jardins...", assim discorre a canção de Max Gonzaga que serve como um gancho para abordar a respeito da atual taxa de violência brasileira a partir do momento em que é corroborada a dicotomia existente entre manutenção da paz e medidas aplicáveis para garantir a integridade humana. Dessa forma, compreender os impasses da temática no âmbito político e social: eis um desafio à contemporaneidade.    É necessário considerar, antes de tudo, a importância das raízes históricas que intensificam a problemática tão latente. Nesse sentido, é crucial compreender que a questão vai além de uma violação da lei penal pois, muitas vezes, o crime cometido traz consigo uma bagagem de influências causadas pela desigualdade e obstrução da cidadania. Vale ressaltar que fenômenos como o êxodo rural, estratificação social, dificuldades de se obter mobilidade social e a falta de acesso à uma educação de qualidade abrem espaço para o terreno da violência. Afinal, a complacência social culmina em uma ótica dominante que perde a oportunidade de garantir a plena efetivação da segurança pública.    Convém analisar, também, como a atual crise brasileira reflete na má administração e contenção da violência. Um dos trechos da música de Max Gonzaga demonstram contradições entre a violência causada em bairros de classe alta e baixa. Concomitantemente, é notório que qualquer indivíduo tenha noção da atual crise política e econômica que a nação brasileira enfrenta que aliada a tal situação resulta na histórica tendência de marginalizar e estereotipar bairros, comunidades e espaços ditos de classes inferiores às mais altas. Haja vista que a violência se apresenta por meio da constituição e da estrutura do sistema socioeconômico e, uma vez que há a disposição desigual desse poder na sociedade dificulta-se o desenvolvimento social e contenção de práticas criminosas.    Fica claro, portanto, que fazem-se necessárias medidas para tornar viável a garantia dos direitos constitucionais e conduta social. O Governo Federal, junto as ONGs, deve fiscalizar as leis já existentes e investir na garantia dos direitos básicos, seja por meio políticas públicas que visem a construção de escolas, creches, hospitais, áreas de lazer, quadras esportivas, oficinas de teatro e música, na tentativa de demonstrar a importância da integração social e cultural no combate à violência, além de garantir a solidez nas medidas punitivas aplicáveis aos que infringem o legislativo. Também, é de suma importância que a mídia, como grande formadora de opiniões, utilize a ficção engajada e jornais, a fim de expor a necessidade de uma cultura de criticidade, expondo dados, matérias jornalísticas e documentários, atuando ativamente como um canal de vanguarda da sociedade civil. Só assim, com a mobilização de um todo, haverá mudanças e caminhos diferentes dos da canção de Gonzaga.