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Enviada em: 17/10/2017

O Brasil sofre um processo gradativo de violência letal da juventude, visto que os homicídios representam hoje quase metade das causas de morte de jovens, segundo dados do Atlas da Violência 2017. Em contrapartida, percebe-se que, equivocadamente, o país insiste em priorizar a discussão sobre punição de jovens que praticam atos infracionais, quando, na realidade, são eles as maiores vítimas de violência no país. Desse modo, além da perda de vidas humanas, questões educacionais e sociais são fatores que convergem para essa mortalidade juvenil.         Em primeira análise, a evasão escolar aumenta a vulnerabilidade social do jovem. Isso ocorre porque a baixa escolaridade somada a não frequência à escola repercute nas condições de inserção no mercado de trabalho, agravada pela precocidade em que este grupo ingressa no mercado para complementar a renda familiar ou buscar seu próprio sustento. Além disso, ficam expostos a situações de violência, uso de drogas e inúmeras privações que comprometem o pleno desenvolvimentos biopsicossocial. Nesse sentido, a prevenção da criminalidade deve levar em conta a redução da evasão escolar, aspecto que costuma ser negligenciado no Brasil quando o assunto é segurança pública.        Em uma segunda abordagem, o envolvimento com as drogas se configura em uma vulnerabilidade quando, por exemplo, fragiliza seus vínculos familiares e sua autonomia, por conta do envolvimento com a cultura do tráfico. Em um primeiro momento, por exemplo, essa vinculação com o tráfico pode servir para um adolescente manter seu próprio consumo, muitas vezes cometendo roubos ou assaltos para sustentarem o vício. No entanto, ao longo do tempo, podem priorizar a rede de tráfico, que culmina em vários crimes, principalmente, o homicídio contra usuários devedores. Assim, constata-se uma significativa influência entre os crimes praticados e o uso ou o tráfico de drogas ilícitas.         Portanto, a garantia dos direitos dos jovens no país possui enorme potencial para a redução da mortalidade juvenil. Nesse viés, o Ministério da Educação deve incluir nas escolas programas de acompanhamento de adolescentes que apresentam maiores riscos de evasão escolar, por meio de uma equipe intersetorial que inclua parcerias com as Secretarias Municipais de Saúde, de Assistência Social e Cultura, a fim de integrá-los em atividades esportivas, culturais, entre outras. Além disso, o governo deve investir na criação de uma secretaria, em nível municipal, uma vez que o Município é, dos entes federados, o mais próximo à realidade social, específica para o atendimento de usuários de drogas voltada à recuperação de dependentes químicos. Desse modo, será possível evitar que o futuro do país seja ameaçado pela violência.