Materiais:
Enviada em: 16/03/2018

Para o sociólogo Émile Durkheim, uma sociedade saudável funciona como um organismo biológico, em que todas as partes atuam para o alcance do bem coletivo. Observa-se, no entanto, que o Brasil está longe de seguir esse parâmetro. Essa constatação deriva dos muitos problemas enfrentados pelo país, dentre os quais, a veemente violência urbana. Dentro dessa lógica, o problema torna-se um desafio à sociedade, o qual provém tanto de uma processo histórico deturpado como da inerente atuação do meio.     Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a violência urbana - relacionada, mormente, a roubos e ao narcotráfico - é proveniente, sobretudo, das camadas mais periféricas da sociedade. Tal realidade está diretamente relacionada a uma historiografia dotada de segregação e desigualdades. Nessa perspectiva, têm-se, por exemplo, a Abolição da escravidão, promulgada em 1888: apesar de teoricamente livres, os escravos não receberam subsídios do governo, o que facilitou sua marginalização. Outro exemplo foi a Modernização do Rio de Janeiro promovida no início do século XX, quando ocorreu a derrubada indiscriminada dos cortiços e a favelização dos moradores.     Dessa forma, a convergência desses acontecimentos resultou em ambientes de hostilidade em todo o Brasil, sobretudo nos grandes centros urbanos. Sob essa conjectura, depreende-se que, sendo o homem, de acordo com Karl Marx, um produto direto do meio em que vive, a tendência desse mal é perpetuar-se. Decerto, não é rara a notificação de crianças e adolescentes portando armas e executando roubos sob influência de criminosos. Como consequência disso, atesta-se a banalidade adquirida pelos atos de maldade, caracterizada, consoante a filósofa Hannah Arendt, pela normalização e cotidianidade destes.    Entende-se, diante do exposto, que a fim de mitigar a violência urbana, deve-se atuar na raíz da problemática. Assim, é preciso que o governo, objetivando suprir o que não foi feito no passado, crie nas regiões menos favorecidas, em parceria com as escolas, projetos socio-culturais que ocupem os jovens e gerem renda para as famílias. Isso deve ser feito por meio da criação de oficinas de dança, teatro, música, esportes, culinária, entre outras, as quais irão integrar os moradores através de apresentações e espetáculos, evitando o ingresso no crime. Enquanto desenvolve-se essa ação de longo prazo, o policiamento nas cidades deve ser intensificado, buscando aproximar-se, aos poucos, do ideal de sociedade durkheimiano.