Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A importância do censo demográfico para a população brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
O Censo Demográfico tem por objetivo contar os habitantes do território nacional, identificar suas características e revelar como vivem os brasileiros, produzindo informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo. E também constituem a única fonte de referência sobre a situação de vida da população nos municípios e em seus recortes internos, como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas realidades dependem de seus resultados para serem conhecidas e terem seus dados atualizados.
TEXTO II
O censo demográfico é um dos recursos mais importantes para o planejamento do Estado. Uma pesquisa estatística deste porte permite tornar concreto uma realidade distante e imaterial a respeito de todo o território brasileiro. Ajuda a estabelecer um diagnóstico para conhecer as diferentes facetas de uma população, de forma periódica. E com isso, torna possível converter dados e informações em uma tecnologia de Estado para o planejamento de políticas públicas. É daí que conseguimos identificar boa parte das necessidades da população em educação, em saúde, previdência, no rendimento mensal, bem como deficiências em saneamento básico, no atendimento de serviços essenciais às residências, das condições da habitação e da infraestrutura urbana da sua localização, por exemplo.
No Brasil, o primeiro censo demográfico foi realizado em 1872 pela Diretoria Geral de Estatística (DGE), sendo chamado de Censo Geral do Império. Com a Proclamação da República, em 1889, o DGE realizou o I censo de República, em 1890, e repetiu em 1900 e 1920. Em 1931 a DGE foi extinta e, em 1936, foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, o censo demográfico de 1940 foi o primeiro realizado pelo IBGE e a instituição manteve uma periodicidade decenal entre censos, realizando as edições de 1950, 1960, 1970 e 1980 no prazo delimitado. Essa sequência foi interrompida em 1990, quando o mapeamento censitário foi realizado apenas no ano seguinte, por conta de crise econômica, enxugamento da máquina pública e atraso na liberação de recursos para a contratação da equipe de recenseadores e supervisores de campo.
O Censo é útil para contabilizar o porte populacional, além das características de sexo, idade, raça/cor, educação, religião, trabalho e renda. Os dados do censo permitem conhecer a realidade de toda a população no ano da sua realização e, mais ainda, possibilitam elaborar projeções para o país em diversas áreas. Essas projeções são importantes para o desenvolvimento de ações públicas, como as projeções de casados, no campo da nupcialidade, projeções de fertilidade para identificar o ritmo de crescimento populacional, assim como projeções de envelhecimento, informações importantes para políticas públicas tanto da área da saúde – planejando ações de cuidados direcionados aos idosos – quanto previdenciária, identificando demanda futura por benefícios de aposentadoria. Empresas privadas também se beneficiam destes dados e projeções, para definir novos investimentos, delimitar seus nichos e lançamentos de produtos.
Afinal, o Censo Demográfico Brasileiro permite obter uma radiografia bem mais nítida sobre as condições de vida e das desigualdades no país. Por meio dele, por exemplo, sabemos quantos brasileiros são deficientes e quais são as deficiências mais comuns. E com isso, é possível debater, propor e planejar ações para promover maior bem-estar em nosso país. As informações produzidas pelos Censos têm permitido a identificação de bolsões de extrema pobreza e pobreza, além de inúmeras desigualdades sociais no território brasileiro, em ruas, bairros, municípios e unidades federativas, como nenhuma outra pesquisa ou instrumento. O Censo permite ainda identificar a existência de trabalho infantil, bem como o tipo de função exercida pelas crianças e em qual setor da economia. São dados fundamentais para o desenho de políticas para o enfrentamento do trabalho infantil.
Muitos planos e políticas foram elaboradas com base em diagnósticos oriundos dos censos demográficos. Seja na etapa de formação da agenda, para evidenciar algum problema público, seja na etapa de formulação da política, quando os dados são úteis para identificar em detalhes o público-alvo. Por exemplo, o Plano Brasil sem Miséria utilizou dados do Censo, além das informações contidas no Cadastro Único do Governo Federal, conforme relatado por Tereza Campello e Janine Mello: “os dados do Censo traziam ainda informações detalhadas sobre os domicílios dos mais pobres, suas condições de saneamento, acesso à água, energia e coleta de lixo, além de níveis de alfabetização e ausência de documentação entre os membros das famílias extremamente pobres”.
O atraso na realização do Censo Demográfico Brasileiro representa uma lacuna preocupante no sistema estatístico nacional. Nenhuma outra pesquisa no país produz informações que possam substituir em detalhes o que é proporcionado com o Censo. A articulação da cobertura nacional, com a elevada abrangência temática – combinando questionários da amostra e o censitário – e a possibilidade de desagregação geográfica dos dados torna o Censo uma rica fonte de estatísticas para o planejamento público para todas as esferas de governo. Assim, o Censo 2022 é um instrumento primordial para a realização de políticas públicas, pois mais dados, pesquisas e informações são insumos para o planejamento e a melhor tomada de decisão.
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