Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Quais são as consequências para a democracia quando a ciência é descredibilizada na sociedade?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Teorias da conspiração ameaçam a ciência e a democracia
O coronavírus foi criado em um laboratório chinês como arma biológica para reduzir a população e as torres de 5G estão ajudando a espalhar a doença mundo afora. Além disso, a causa da pandemia que assola o planeta desde dezembro estaria diretamente relacionada com os projetos obscuros de Bill Gates , o fundador da Microsoft, que financia vacinas para essa e outras enfermidades com o objetivo de inserir microchips nas pessoas imunizadas.
A miscelânea de ideias do parágrafo anterior pode soar absurda, mas para muita gente essas frases fazem sentido. A chance de alguma delas ter aparecido na sua timeline ou no seu WhatsApp desde a chegada da Covid-19 no Brasil também não é pequena. Comumente chamadas de “fake news”, essas mensagens se adequam melhor a outro tipo de desinformação que ganhou uma dimensão maléfica com as redes sociais: as teorias conspiratórias.
Autoridades e líderes políticos, com a intenção de manipular a opinião pública, usufruem dessas narrativas neuróticas para reforçarem ideologias específicas com argumentos que, além de serem desonestos intelectualmente, simplificam ideias complexas em histórias de fácil apreensão – exemplos não faltam: “marxismo cultural” e o nazismo ser classificado como uma “filosofia de esquerda” são apenas alguns.
É preciso educar o cidadão para que ele identifique e refute essas ideias mirabolantes, compreendendo que, mais do que narrativas envolventes, as teorias da conspiração são maléficas porque endossam discursos de ódio, colocam a saúde pública em risco, negam a ciência e enfraquecem a democracia. Dependemos de uma educação que incentive o pensamento crítico e científico para que os maniqueísmos que distorcem os fatos tenham cada vez menos espaço no debate público e, consequentemente, na vida em sociedade.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/08/teorias-da-conspiracao-ameacam-a-ciencia-e-a-democracia.shtml (Adaptado)
TEXTO II
‘Vacina com chip’: por que as pessoas acreditam em teorias da conspiração?
Em pleno 2021, parece duvidoso ter de explicar que as vacinas não são perigosas e que um chip não será implantado ao recebê-las para se proteger da covid-19. Da mesma forma que isso parece óbvio para parte das pessoas, o contrário também tem efeito verdadeiro para quem acredita em teoria da conspiração. Este último caso engloba um grupo que busca ir na contramão dos fatos, justificando eventos e avanços tecnológicos, e até propagando inverdades, como se tudo isso fizesse parte de uma trama secreta e mal-intencionada e, apenas eles, os escolhidos, tivessem acesso à veracidade das informações.
De acordo com uma pesquisa publicada em 2020, acreditar em teoria da conspiração não pode ser compreendido com um distúrbio mental, mas uma tentativa de se apegar a isso para se proteger diante da incerteza e de uma possível ameaça. “São pessoas que, diante de algum processo de mudança sócio histórico e/ou político, se sentem ameaçadas de maneira real ou imaginária e buscam proteção, se agarrando às teorias mais esdrúxulas que lhes possam servir para garantir a manutenção de seus valores, crenças, modos de ser e de agir”, explica Sylvio Ferreira, psicólogo da área comportamental e docente na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/04/13/por-que-as-pessoas-acreditam-em-teorias-da-conspiracao.htm (Adaptado)
TEXTO III
A mais recente teoria da conspiração criada por Bolsonaro
Até os aliados mais próximos concordam: Jair Bolsonaro tem uma queda inegável por teorias da conspiração. Uma de suas preferidas dá conta de que Adélio Bispo, o autor da facada que ele sofreu durante a campanha eleitoral, não agiu sozinho, como afirma a Polícia Federal (PF), mas a mando de gente poderosa. Outra, mais atual, aponta para a existência de uma ofensiva, com a participação de parlamentares, governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), destinada a tirá-lo do poder. De início, Bolsonaro achava que o objetivo dessa orquestração era impedir sua reeleição. Agora, ele acredita que a meta é cassar seu mandato. Essa crença não teria maiores desdobramentos se, como de costume, fosse compartilhada apenas pela ala ideológica do governo, que enxerga conspiradores em todos os cantos. A diferença, no momento, é que a área militar também concorda com a opinião do presidente de que diversos agentes públicos estão tentando reduzir seus poderes. Foi justamente esse respaldo verde-oliva que levou Bolsonaro a partir novamente para o ataque.
No domingo 3, o presidente participou de mais uma manifestação a favor de seu governo e do fechamento do Congresso e do STF. Com a filha, Laura, a tiracolo, ele desceu a rampa do Palácio do Planalto para confraternizar com apoiadores e, com apenas alguns passos e muitas selfies, desconsiderou outra vez as normas de segurança de combate ao coronavírus e atacou, mais uma vez, as instituições. Mais tarde, mencionou as Forças Armadas como aliadas na defesa de seu governo. “Vocês sabem que o povo está conosco. As Forças Arma, ao lado da lei, da ordem, da democracia, da liberdade, também estão ao nosso lado”, disse Bolsonaro em vídeo transmitido numa rede social. “Peço a Deus que não tenhamos problema esta semana, porque chegamos no limite. Não tem mais conversa. Daqui para a frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço”, acrescentou, em tom ameaçador. A declaração levou o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, a divulgar uma nota, na segunda-feira 4, para rechaçar a suspeita de que as Forças Armadas estão fechadas com Bolsonaro.
Bolsonaro gostou tanto do apoio recebido dos ministros militares no Alvorada que cogitou desafiar a mais alta instância do Poder Judiciário. No domingo, depois da confraternização em frente ao Planalto, ele decidiu insistir no nome de Ramagem para a PF. Sua ideia não era empossá-lo no cargo de diretor-geral, o que estava proibido por Alexandre de Moraes, mas nomeá-lo diretor executivo, o segundo cargo na hierarquia da corporação, deixando a cadeira principal vaga. Se fosse executado, esse plano faria de Ramagem o chefe dos policiais federais até que seu superior fosse indicado — o que, obviamente, não ocorreria tão cedo. Na madrugada de segunda-feira, o presidente recuou da ideia e indicou Rolando Alexandre de Souza para comandar o órgão.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/politica/a-mais-recente-teoria-da-conspiracao-criada-por-bolsonaro/ (Adaptado)