83% dos entrevistados por uma pesquisa do IBOPE disseram que deixariam de usar o automóvel como modo primário de transporte caso houvesse uma alternativa de transporte público satisfatória. Na falta dessa opção, estas pessoas se resignam a encarar o trânsito de suas cidades, assim como os danos à saúde mental e física que surgem com a presença de engarrafamentos ou eventos similares na rotina diária de um indivíduo. Cidades ao redor do mundo sofrem com a superlotação de suas vias e é necessário que esta condição seja solucionada em nosso país, pois as autoridades alertam que nosso quadro está piorando. Quando examinamos este assunto, uma potencial solução rapidamente emerge: a expansão de nossa infraestrutura para automóveis. Esta rota já foi explorada, porém, e estudiosos americanos do trânsito já comprovaram que, caso haja uma melhoria na capacidade de uma via sobrecarregada, o fluxo de veículos por ela aumentará até que ela novamente se encontre sobrecarregada. O motivo disso são as preferências dos motoristas, os quais buscam evitar vias lentas e dirigem-se à rota mais rápida. Quando uma via ou rota é aprimorada, mais motoristas adotam-na até que ela fique sobrecarregada. Em outras palavras, " mais ruas significa mais carros e mais trânsito ". Felizmente, temos evidência de que este princípio de "construa-a eles virão" também se aplica à infraestrutura de transportes alternativos. Nesta década, a cidade de Londres enfrentava graves problemas de trânsito e sua prefeitura decidiu investir amplamente em rotas e regulamentações para ciclistas, tendo como modelo a cidade de Amsterdã, a capital mundial do ciclismo urbano. Esta iniciativa funcionou tão bem que, agora, Londres enfrenta um novo desafio: engarrafamentos de bicicletas devido aos novos números de ciclistas. Tendo em mente a necessidade de combater a superlotação de nossas vias, assim como o fato de que a simples expansão delas seria uma medida infrutífera, nosso Estado deve seguir o exemplo das supracitados capitais e investir extensamente na infraestrutura necessária para acomodar grandes populações de ciclistas. Ademais, o Estado também deve ampliar os subsídios e incentivos destinados às redes de ônibus urbanos e metrôs, de modo que uma viagem pelo transporte público passe a ser mais barata do que a mesma viagem num automóvel, e que, nas áreas de maior demanda, um morador nunca precisa esperar mais de 15 minutos por seu veículo desejado.