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Enviada em: 22/10/2018

“Morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia...” O fragmento do poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo, retrata a trajetória de Severino em busca de melhores condições de vida. Na crônica, o herói passa pelas privações impostas pela fome. Ao retirar-se da ficção e transpor a temática do desperdício de alimento no Brasil, é nítido a conveniência do espírito progressista, visto que, a displicência estrutural, na cadeia de distribuição, e a indiferença comportamental do consumidor, potencializam a mazela. De fato, os brasileiros deliciam-se da passividade.         Esse despreparo é diagnosticado na logística de transporte e armazenamento. A debilidade na condução acarreta grandes perdas no percurso porto de abastecimento e fornecimento ao consumidor. De acordo com a reitora Viviane Romeiro, coordenadora de mudanças climáticas do World Resouces Institute Brasil, o país descarta cerca de 41 mil toneladas de alimentos. Contudo, somado a perda alimentícia, são desperdiçados valores sociais e econômicos, já que os prejuízos dos produtores e varejistas são repassados aos compradores_ eis o conhecimento às avessas.        Outro fator de corrobora para esse empasse é a ausência de concepções e de uma formação por parte da população. Os brasileiros estão acostumados com a cultura da “fartura” que em consonância com o distanciamento do olhar coletivo e a fragilidade do ambiente doméstico resultam, de acordo com IBGE, em 7 milhões de pessoas no país que ainda passam fome e muitos outros que tem alimentação insuficiente. Ora, o rol de mazelas narram o óbvio_ a sociedade subsiste em devaneios tornando a intervenção estatal necessária.         Depreende-se, portanto, a implementação de medidas que minimizem a problemática do desperdício de alimentos. Para tal, o estado juntamente com as empresas alimentícias deverão fazer acordos políticos para maiores investimentos em transporte e estoque com a finalidade maior controle de qualidade dos alimentos. Somado a isso, a escola, deverá investir em aulas interdisciplinares em seu plano pedagógico, com palestras de orientação de métodos de armazenamento e consumo consciente na comunidade, evitando maiores perdas no percurso produtor-consumido. Em consonância, cabe a ONGs se apropriarem da mídia, tv e jornais, com campanhas publicitárias, para incitar a população a consumir alimentos de má aparência, amassados ou que sobram, assim ocorreria menores dilapidação desses produtos.