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Enviada em: 07/09/2018

Carolina Maria de Jesus, moradora da antiga favela do Canindé, autora da obra Quarto de Despejo, tem como um dos temas centrais do seu livro a fome, atribuindo a ela até mesmo cor, sendo a amarela citada pela escritora. Publicado em 1960, ainda é atual, visto que a porcentagem de brasileiros que não tem o que comer diariamente é exorbitante. Diante disso, surge a problemática do desperdício de alimentos, que ocorre não só pelos maus hábitos da população, mas, também, pela falta de planejamento desde o plantio até a distribuição dos alimentos.      Convém ressaltar, primeiramente, que o desperdício nas residências seja uma das causas desse impasse. A falta de planejamento tanto dos comerciantes como dos compradores atua como agravante dessa situação. Assim, muitos indivíduos compram alimentos em quantidades exorbitantes, o que acarreta um desperdício, muitas vezes, de mantimentos em boas condições. Percebe-se, assim, que se houvesse melhor planejamento de compras muitos alimentos poderiam ser utilizados por outras pessoas e até mesmo, doados para a parcela mais carente da população, minimizando o problema da fome.      Ademais, a falta de infraestrutura nas produções e inadequação dos transportes alimentícios corrobora para a persistência desse problema. De acordo com dados de transportadoras brasileiras, cerca de 60% dos alimentos produzidos são desperdiçados durante a colheita e o transporte. Dessa forma, o que chega aos domicílios se reduz a aproximadamente 10% da produção, o que, assim, ocasiona aumento no preço dos mantimentos e diminuição do poder aquisitivo da população. Dessa forma, torna-se cada vez mais difícil diminuir o número de cidadãos que não tem acesso à alimentação básica todos os dias e urge, assim, a necessidade de medidas que visem à diminuição do desperdício de alimentos.       Fica evidente, portanto, que o desperdício de alimentos é um impasse a ser combatido. O Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, pode implementar nas escolas campanhas que visem conscientizar, desde a tenra idade, sobre o consumo e compra adequado de alimentos, a fim de educa-los para que se tornem cidadãos responsáveis. Além disso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deve incentivar a produção planejada e fiscalizar o aprimoramento do processo produtivo e do transporte, para que seja minimizado o desperdício nesses processos. Os bancos de alimentos, também, devem ser aprimorados e ampliados, com o objetivo de aumentar o trabalho de coleta, seleção e redistribuição de alimentos em bom estado para as parcelas da população mais vulneráveis.