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Enviada em: 02/10/2018

O Brasil se encontra entre os maiores exportadores mundiais no setor agrícola, reconhecido internacionalmente como o "celeiro do mundo". De fato, é perceptível, na sociedade hodierna, que, apesar da alta produtividade no campo, o desperdício de alimentos no país é uma realidade que se configura como um problema social e econômico, seja pelo excesso do consumo individual, seja pela irregularidade na cadeia produtiva, como no transporte e armazenamento desses produtos.       É notório salientar que, a partir da segunda metade do século XX, a Revolução Verde foi um fenômeno de incremento de novidades tecnológicas que proporcionaram o aumento exponencial da produtividade agrícola. Sob tal perspectiva, a maior disponibilidade e variedade de alimentos modelou o estilo de vida da sociedade de consumo, termo marxista, o qual designa uma população caracterizada pelo consumo exacerbado de bens e serviços. Por conseguinte, grande parte dos alimentos adquiridos são descartados como resíduos orgânicos, tanto em restaurantes como em domicílios urbanos, o que se contradiz, por outro lado, com o problema da fome e subnutrição de milhares de brasileiros, associado a desigualdade da distribuição desses recursos.        Por outro lado, o ineficaz aproveitamento da produção agrícola se relaciona com a precária estrutura, em geral, dos modais de transporte no país. Nesse aspecto, é válido ressaltar que, segundo um levantamento em Madri, cerca de 8% da produção nacional brasileira é perdida no deslocamento em rodovias, intensificado pelas dimensões continentais do território. Ademais, a lentidão na descarga dos portos é outro fator que causa um relevante desperdício de alimentos, tendo em vista que esses são estragados devido o tempo ocioso de espera. Como efeito, o gargalo logístico impõe um elevado prejuízo econômico ao setor agrário, bem como uma necessidade maior de produção e, consequentemente, de danos ambientais com o uso de mais agrotóxicos para suprir a demanda.        Infere-se, em síntese, que é necessária a adoção de medidas que contemplem a reeducação alimentar do brasileiro e o aprimoramento do processo produtivo dessa esfera. Portanto, cabe ao Ministério da Educação, órgão responsável pelas instituições educacionais no país, em conjunto às Prefeituras Municipais, promover palestras permeando toda a rede de ensino fundamental e médio, com ênfase as redes públicas, de modo a estimular o racionamento de produtos gordurosos e garantir a preferência da população por alimentos orgânicos, a fim de evitar o consumo excessivo e a obesidade. Além disso, cabe ao Ministério do Transporte diversificar a cadeia logística, de modo a ampliar as ferrovias com objetivo de reduzir os custos e o desperdício de alimentos. Só assim, poder-se-á garantir um Brasil adepto ao eficiente aproveitamento alimentar e a excelência de qualidade de vida.