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Enviada em: 07/10/2018

Sob a perspectiva do sociólogo Zygmunt Bauman, vê-se que a modernidade líquida tem contribuído para diversos entraves sociais no mundo hodierno. Os seres humanos estão cada vez mais preocupados com os seus próprios entornos capitalistas, e se esquecem da coletividade e humanização social. Nesse viés, está o desperdício de alimentos no Brasil, questão importante a ser debatida, principalmente ao relacioná-la com o elevado número de famílias que ainda passam fome no país. Diante disso, urge a necessidade de maior engajamento social e político.       Em primeira análise, é importante entender a origem do problema em questão. De acordo com a  Onu Verde, as grandes perdas ainda estão na pós colheita, relacionando-se ao manuseio e transportes, o que se refere a 50% do desperdício de alimentos no Brasil. De fato, essa questão abrange não somente a qualidade dos meios de transportes rodoviários, como também a estrutura física desses meios. As rodovias brasileiras ainda necessitam de reformas, ao passo que contam com estradas repletas de irregularidades em seus asfaltos, comprometendo o acondicionamento dos produtos no interior desses transportes. Além disso, os veículos transportadores necessitam de mecanismos de refrigeração adequados para a conservação eficiente dos produtos, preservando suas integridades.      Não bastasse isso, cerca de 30% do desperdício de alimentos no país ocorre nas centrais de abastecimento (CEASAS). Com base nessa vertente, questiona-se: Como um país em que parcela da população ainda passa fome, consegue desperdiçar tanto alimento? Em resposta, é possível relacionar as falhas de políticas públicas em direcionar às populações carentes o excesso de produtos alimentares estocados, antes que estes venham a se degradar. Nesse paradigma, verificam-se os efeitos da modernidade líquida, nos quais há a busca de lucros incessantes em um meio social regido pelo consumismo e individualismo.        Diante do abordado, é pertinente que haja uma maior conscientização social para extinguir o pensamento moderno líquido, objetivando a humanização e coletividade. Deve o Ministério de Transportes investir financeiramente em projetos de recuperação das rodovias, para que os meios de transportes de alimentos consigam realizá-lo com eficiência. Em contribuição a isso, compete à Vigilância Sanitária a criação de normas para tais veículos manterem um sistema de refrigeração adequado, evitando a degradação precoce dos produtos. Caberá ainda ao Ministério do Desenvolvimento Social junto ao Ministério da Agricultura um projeto que viabilize a análise da vida útil dos alimentos nos CEASAS, distribuindo aqueles prestes a se degradarem para famílias carentes, com o intuito de minimizar a problemática da fome no país e o crescente desperdício de alimentos.