Materiais:
Enviada em: 20/10/2018

O século XX, marcado pelo período entre guerras, ensinou ao homem europeu o cuidado contra o desperdício de alimentos, uma vez que o abastecimento era escasso e isso tornava a alimentação algo precioso e sagrado. No entanto, o Brasil, em pleno século XXI, é um dos países que mais desperdiça alimentos no mundo, seja por falta de investimentos em meios de transportes mais eficientes, seja pela má formação socioeducacional do brasileiro.     A priori, o planejamento inadequado e o volume insuficiente de investimentos pelo Estado na logística do transporte de mercadorias e insumos, são fatores intrínsecos na intensificação da problemática, haja vista que, enquanto mais arcaico é o modo como são transportados, mais prejuízos são obtidos. Esse cenário é refletido nas toneladas de alimentos perdidos diariamente no Brasil, segundo análise da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária, que poderiam alimentar milhões de pessoas por dia.       Sob outro viés, ainda sobre a pesquisa da EMBRAPA, cerca de 10% do desperdício de comida ocorre nos supermercados e na casa dos consumidores. Assim, é de fundamental importância discutir a responsabilidade da população frente à realidade vigente. Seguindo essa linha de raciocínio, fica claro que a sociedade brasileira não é educada para o consumo consciente e eficiente. Essa conjuntura, de acordo com o contratualista John Locke, configura-se como violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que os cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como direito à educação acerca de condutas sociais).     Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é necessário que o Governo Federal destine investimentos sólidos na diversificação do meio de transporte, por meio de outros modais, como navios de carga, utilizando-se do litoral brasileiro para otimização do tempo entre a colheita e a entrega das cargas, a fim de que se reduza a perda de insumos e da qualidade por conta de atrasos. Além disso, é imprescindível que o Governo Estadual, aliado à mídia, conscientize a população sobre a gravidade do estrago de alimentos, por via de campanhas publicitárias. Dessa maneira, a sociedade será alcançada vigorosamente e a situação atual transformada progressivamente.