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Enviada em: 22/10/2018

O domínio e desenvolvimento da agricultura e pecuária pelo ser humano, fatores primordiais para a sua evolução e complexidade do organismo social atual, são uma conquista que remonta ao Período Neolítico da história. Entretanto, no Brasil, hodiernamente, a capacidade de obtenção do alimento se encontra em lapso, devido as grandes taxas de desperdício, oriundas da péssima infraestrutura logística, somada ao consumo irresponsável da sociedade.        A priori, pontua-se o medíocre sistema de gestão da comida, no qual se destaca o setor de manuseio e transporte, responsável por metade das perdas do produto, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em 2015. Tal fato é reflexo de manejos e estoques inadequados, e carregamento feito hegemonicamente através do modal rodoviário, o mais caro e menos eficiente, dadas as dimensões continentais do país. Sob esse viés, configura-se uma violação do "pacto social", definida pelo contratualista John Locke, quando o Estado não fornece a estrutura necessária ao pleno desenvolvimento das esferas fundamentais da comunidade.        Além disso, é necessário discutir o papel do consumidor, etapa final da cadeia produtiva. A respeito disso, sabe-se que é comum o descarte de alimentos que aparentam algum "defeito", bem como o não aproveitamento total dos mesmos no momento do preparo, traduzindo hábitos insustentáveis na demanda alimentar. Nesse âmbito, segundo a Organização Não-Governamental Banco de Alimentos, em 2016, são desperdiçados mais de meio quilo de alimento por dia por cada brasileiro. Em consequência, gera-se, dentre outros impactos, o ecológico, visto que a demanda além da real aprofunda o uso de recursos naturais para sua produção.        Visto isso, faz-se essencial a reversão de tal cenário. Para tal, é importante que o governo atualize todos os níveis da cadeia alimentar produtiva, investindo especialmente em tecnologia para otimizar armazenamentos, diversificação dos meios de transporte, e incentivo à agricultura local, minimizando o tempo e os impactos do processo de entrega do alimento. Ademais, é de suma importância gerar conscientização populacional sobre um consumo consciente da comida, através de cursos educativos, palestras escolares, e adição de disciplinas obrigatórias que abordem essa premissa na grade curricular de cursos que formam profissionais do setor alimentício.