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Enviada em: 03/08/2019

Na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas são estabelecidos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável que incluem a segurança de padrões de consumo e de produção sustentáveis. Essas metas são necessárias tendo em vista o alarmante crescimento do desperdício de alimentos, inclusive no Brasil. Sob esse viés, o consumo exagerado de mercadorias e a questão moral da perda de comida são fatores importantes nessa discussão. Logo, urgem ações engajadas dos agentes adequados com o escopo de minimizar a perda de alimentos no país.       Inicialmente, destaca-se o termo "sociedade do espetáculo", do sociólogo francês Guy Debord. Consoante esse pensador, a comunidade é passiva, como em um espetáculo, diante da influencia exercida pelas imagens, as quais tem como fim o consumo. Nessa perspectiva, verifica-se que a mídia contribui com o desperdício de comida, na medida em que incentiva um consumo irrefletido e exagerado de produtos alimentares que são novidades no mercado e, geralmente, desnecessários na dieta dos indivíduos. Por conseguinte, nota-se o rejeito demasiado de mercadorias não utilizadas pelas famílias, bem como o amplo descarte de lixo como embalagens de plástico e latas metálicas que intensificam a poluição do meio ambiente.       Outrossim, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a insegurança alimentar atinge cerca de 52 milhões de brasileiros, ou seja, esse dado evidencia que enquanto muitas pessoas rejeitam comida, outras sofrem diariamente com a fome no país. Nesse sentido, observa-se que o desperdício de alimentos tem desdobramentos morais na sociedade e reflete a desigualdade social existente, sobretudo, com aqueles indivíduos já marginalizados, a exemplo dos moradores de rua. Em face disso, percebe-se que essa questão envolve não só o desrespeito a Constituição, a qual garante o acesso à alimentação no artigo 6º, mas também a negação da dignidade humana.       Destarte, é essencial atentar para a importância de reduzir a perda de comida no país. Para tanto, é impreterível que a mídia, mediante campanhas publicitárias, amplie a visão consumista da sociedade diante do desperdício de alimentos, apresentando os malefícios ambientais e morais do descarte de comida, com o fito de atenuar esse degradante cenário e efetivar metas da Agenda 2030. Concomitantemente, é imprescindível que as escolas tematizem a situação em questão, por meio de filmes e palestras, ressaltando a desigualdade social no acesso à alimentação, a fim de conscientizar para o não desperdício e de possibilitar ações interativas na cobrança de medidas governamentais que assegurem direitos constitucionais.