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Enviada em: 16/04/2017

De acordo com o sociólogo Caio Magri " desperdício alimentar na conjuntura atual é crime de lesa-humanidade". Essa assertiva dispõe veracidade nos impactos destrutivos que a prática retratada acarreta e no quadro de desnutrição global. No Brasil vê-se na contemporaneidade a intensificação dos efeitos da perda alimentar devido a agricultura moderna e os paradigmas de consumo. Diante de tal cenário nota-se a eminência de erradicar tal feito, tendo em vista suas repercussões na sociedade.   O desperdício alimentar brasileiro fundamenta-se em pretextos históricos e estruturais. Com o fim do Pacto Colonial com Portugal instaurou-se um modelo predatório de agricultura que permeia o tempo atual, intensificado pelas inovações da Revolução Verde. Essa característica revela uma produção agrícola consideravelmente superior a demanda de obtenção, gerando um excedente que recorrentemente é direcionado ao lixo. Em sequência a isso observa-se que o transporte dos alimentos possui defasagem no que tange condições sanitárias e cuidados com o produto fazendo com que uma parcela deste chegue aos pontos de venda impróprios ou pouco atrativos ao consumo.   Analisando o panorama exposto verifica-se uma sangria injustificável de recursos planetários. Em primeira instância, o desmatamento para expansão de terras agricultáveis e para pecuária caracteriza-se como desnecessário, uma vez que já se possui uma superprodução de alimentos, tendo sua realização elo com a perda de biodiversidade e incremento no aquecimento global. Averiguar-se também, efeitos do desperdício de alimentos na economia, já que a cota descartada é perda de mercadoria e consequente queda na arrecadação monetária.   Soma-se a essa discussão o padrão de consumo individual que concebe uma sociedade marcada pelo desperdício. Na década de 1980, lembrada pela inflação exorbitante, eram comuns as compras mensais em que uma remessa notória de produtos seria obtida em uma única vez. A reprodução dessa ação no século XXI fomenta o desvio de alimentos ao lixo, a saber de que uma fração do que se compra deixa de ser consumido.    Em resumo é evidente que o feito questionado torna-se excessivamente lesivo devendo, portanto, ser erradicado na cultura nacional. Cabe ao Estado fiscalizar a condição de transporte e armazenamento dos alimentos para estes funcionem de encontro ao desperdício. A mídia aliada ao Governo deve incentivar a população a construir um planejamento de consumo, evitando a compra em demasia. É viável empresas e pessoas físicas formarem alianças com ONG's para doação dos produtos em sobra a fim de sustentar projetos contra a fome. Ademais, as atividades do campo devem ser acompanhadas por profissionais especializados objetivando conter práticas que reduzem a qualidade do alimento.