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Enviada em: 02/10/2017

Talvez Foucalt estivesse errado: no Brasil, a vigilância do Panóptico social é falha e não resolve, suficientemente, o combate do desperdício de alimentos. O filósofo, possivelmente, estaria assustado com os alarmantes dados que se referem as milhões de toneladas de produtos alimentícios que são desperdiçados mensalmente, enquanto a sociedade não vigia e ignora esse óbice. Essa constatação, que evidenciou o problema que atinge a economia do país e o seu IDH, aumenta o índice de insegurança alimentar, tornando-se essencial a busca de alternativas para extingui-la.     É importante ressaltar, em primeira análise, as causas associadas ao desperdício de alimentos. Ampliando-se o sentido semântico do Panóptico, a vigilância da sociedade sobre o indivíduo funciona como instrumento de controle. No entanto, em uma análise amplíssima e contrária a essa ideia, a cultura da falta de planejamento do consumidor brasileiro, notadamente no processo de compra, no qual os produtos são obtidos em excesso, demonstra que microfísica do poder vigilante da sociedade de Foucalt - de coerção disciplinar exterior ao sujeito -, por não se tratar de uma consciência subjetiva e intimista do indivíduo, não previne atitudes inadequadas. Em meio a inconsciência da sociedade, o Governo Federal e as indústrias agrárias não são pressionados a investir em tecnologias que tornem a estocagem, transporte e colheita de alimentos eficientes contra o desperdício.                    Ademais, é necessário citar a repercussão do desperdício para o país. Na obra ´´1984´´, de George Orwell, infere-se que expor os problemas sociais e suas consequências pode salvar a sociedade, pois abre caminho para o pensar e para as soluções. Nesse sentido, é importante dizer que o desperdício de alimentos representa uma perda sem precedentes para a economia do país, afinal, os gastos envolvidos na produção não são convertidos em lucros e impostos. Por conseguinte, ocorre o aumento do preço dos alimentos para o consumidor final, acarretando a elevação da insegurança alimentar de famílias em vulnerabilidade socioeconômica. De fato, esses problemas devem ser extintos.   Desse modo, expõe-se a falta de consciência da sociedade e sua repercussão. Para resolvê-la, o MEC deve criar, nas escolas, e regulamentado na BNCC, o projeto ´´Roda Consciente´´, no qual, por intermédio da leitura de livros culinários, filosóficos - como os de Foucalt -, e de atividades lúdicas que envolvam reciclagem de alimentos, os jovens serão conscientizados. Outrossim, à mídia cabe o seu papel social de transmitir campanhas de conscientização, repercutindo as ideias pensadas no projeto citado. Ademais, a sociedade consciente deve cobrar do Governo Federal e das grandes indústrias a ampliação do modal de transportes e das tecnologias de estocagem e de armazenamento brasileiras, copiando a experiência de nações desenvolvidas. Destarte, o Panóptico tornar-se-á consciencial.