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Enviada em: 04/06/2019

Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas apropriou-se de cartilhas infantis distribuídas em redes nacionais para a adesão do regime estabelecido. Desse modo, a manipulação do pensamento dos infantes esteve fortemente vinculada a recursos estratégicos e apelativos, contribuindo à uma aprovação do público-alvo e, por conseguinte, sua manutenção. Dentro da atualidade, o uso tendencioso da publicidade infantil aproxima-se dos tempos varguistas, expondo a sociedade à uma realidade formadora de cidadãos consumistas e inconscientes.    Em primeiro plano, vale destacar sobre a intenção em que as propagandas exercem sobre os pequenos indivíduos. No estudo da sociologia, o francês Emile Durkheim define que os fatos sociais exercem um poder de coercitividade nos integrantes da sociedade, isto é, pressionando-os ao um consenso com o que foi estabelecido. Dentro dessa lógica, as propagandas aproveitam-se desse recurso, assimilando informações e dados que agradam a criança e a convença a determinado fim proposto. Assim, um novo cenário perigoso pode ser formado, pois sem que haja um controle desse conteúdo, a formação de uma sociedade consumista moldada por agentes publicitários pode ser cristalizada.    Por conseguinte, dado suposto resultado, a consolidação de um inconsciente coletivo pode ser alcançado com a alienação publicitária infantil. Recentemente, denúncias de vários setores sociais alertaram sobre o perigo de um anúncio de um tutorial de suicídio, por uma criatura chamada "Momo" , representava às crianças que assistiam à vídeos da internet. Apesar do enorme apelo social atingido, depreende-se do ocorrido sobre a liberdade em que os responsáveis dessas crianças as concedem, notando-se, assim, a presença invisível de uma autoridade terceira, ou seja, um inconsciente. Sendo assim, a questão publicitária vai além do fomento ao consumismo às crianças.    Percebe-se, portanto, que a questão da publicidade infantil necessita de reparos sociais. Para tal objetivo, urge que Legislativo e Judiciário brasileiros punam proprietários de propagandas inadequadas, por meio da elaboração de leis restritivas de conteúdos tendenciosos às crianças, para que a consciência e infância dos indivíduos envolvidos se desenvolvam sem dogmas intuitivos. Em adição, a família deve se fazer mais presente na vida das crianças, através da participação em reuniões escolares e do acompanhamento emocional, a fim da promoção de uma sociedade mais crítica e consistente. Assim, a ingenuidade em que a geração varguista fora submetida, seja exemplo de apenas um conteúdo escolar para as crianças brasileiras.