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Enviada em: 12/09/2019

O "super-homem", idealizado pelo célebre filósofo Nietzsche, caracteriza o indivíduo capaz de livrar-se das amarras sociais. Entretanto, ao que tudo indica, poucos parecem entender essa lição no que se refere aos efeitos manipuladores da publicidade infantil no Brasil. Com efeito, nota-se um cenário atrelado ao consumo exacerbado e aos hábitos alimentares.        Em primeiro plano, é indiscutível que a publicidade infantil se mostra uma prática abusiva. Assim, o estímulo ao consumo tornou-se um fator primordial para a manutenção do sistema capitalista. Então, segundo o sociólogo Karl Marx, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a mercadoria, ou seja, a ilusão de que a felicidade seria encontrada a partir da aquisição de um produto. À vista disso, algumas empresas voltadas para o público infantil apropriam-se dessa estratégia e produzem técnicas publicitárias que estimulem a compra desmedida de produtos e serviços. Essa realidade fica perceptível em publicidades que utilizam constantemente aspectos como personagens de desenhos animados,trilhas sonoras ou brindes que tenham apelo às crianças.         Por outro plano, a mercadologia infantil exerce influência histórica na construção de um cardápio pouco saudável. A esse respeito, os sociólogos Adorno e Horkheimer propuseram o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual há tentativa midiática de padronizar os comportamentos da população e facilitar o consumo. Nesse contexto, as grandes empresas de comida indústrias uniformizam propagandas, sabores e produtos, a fim de impor ao público, principalmente jovens, o modelo invariável de "fast-foods". Tal fato fica comprovado no documentário "Muito além do peso" que aborda a qualidade da dieta das crianças e os efeitos nefastos da publicidade de alimentos dirigidas a elas. Todavia, não é razoável que a imposição mercadológica persista em incentivar hábitos alimentares inapropriados para a manutenção da saúde dos infantos.         Mediante ao elencado, percebe-se que a publicidade infantil é uma amarra de difícil libertação. Sendo assim, o poder público, a partir de fiscalizações rigorosas e apropriações de normas do Estatuto da Criança e do Adolescente, deve multar empresas que violem questões éticas no que tange à publicidade infantil abusiva e descontrolada, a fim de equilibrar o consumo e mitigar o fetichismo de mercadorias. Ademais, a influentes digitais, por meio de seus discursos nas redes sociais, compete veicular conteúdos que repudiem incentivos publicitários infantis ao consumo alimentar pouco saudável, com o objetivo de criticar a padronização imposta pela Indústria Cultural e evitar "superconsumos".