Materiais:
Enviada em: 11/06/2017

Cronos e má alimentação        Em que pese o Brasil ser o terceiro maior produtor de frutas e hortaliças do mundo, segundo dados da Confederação de Agricultura e Pecuária (CNA), 78% da população não consome a porção diária – que consiste na ingestão de 400 gramas desses alimentos - recomendada pela Organização Mundial de Saúde, preferindo comidas gordurosos que contribuem para o desenvolvimento de enfermidades, tais quais sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial, complicações cardiovasculares, alterações no colesterol e câncer.         As alterações no perfil alimentar dos brasileiros têm ligação com as transformações econômicas, sociais e demográficas que aconteceram no País nas últimas décadas. Em um Brasil mais urbano e com grandes exigências de cumprimento das jornadas profissionais, as pessoas dispõem de menos tempo para realizar suas refeições. Os dias corridos servem como justificativa para lanches em fast foods e maus hábitos que aumentam as chances do desenvolvimento de doenças crônicas. A mesma industrialização que encurtou ou acabou com o horário para o almoço caseiro trouxe uma nova concepção de gêneros alimentícios.        A modernização favoreceu o aumento do comércio de alimentos industrializados, esses produtos são de fácil acesso e têm seu consumo incentivado pela mídia. Estudos realizados nos últimos 30 anos, como as Pesquisas de Orçamento Familiar (POF), demonstram que cresceu o consumo de comidas industrializadas ricas em gordura, sal e açúcar, ao mesmo tempo em que houve redução no consumo de raízes, legumes, verduras, tubérculos e frutas.         Reverter a queda na participação dos vegetais no prato do brasileiro e promover uma alimentação saudável – com o resgate das culinárias regionais - devem ser metas da Coordenação Geral da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (CGPAN) do Ministério da Saúde, que em sintonia com a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), deverá promover ações de incentivo ao consumo de verduras, legumes e frutas, o que pode ser feito em escolas levando esses alimentos para o consumo das crianças nas merendas e através da diminuição dos impostos sobre essas comidas, diminuindo a ação de Cronos, que na mitologia grega era o rei dos titãs e o grande deus do tempo, sobretudo quando este é visto em seu aspecto destrutivo, o tempo inexpugnável que rege os destinos e a tudo devora, que tem sido o grande empecilho na alimentação saudável dos brasileiros.