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Enviada em: 12/06/2017

Diga-me o que tu comes e eu te direis quem és". Ainda no século XIX, o provérbio do francês Jean Anthelme Brillat-Savarin evidenciava a crescente preocupação com a alimentação irregular da população. Contemporaneamente, a ingestão inadequada de pratos altamente calóricos compromete a saúde de crianças e adultos. Além disso, os meios midiáticos evidenciam casos estarrecedores de negligência com a qualidade dos alimentos consumidos rotineiramente. Desse modo, faz-se necessário questionar: os brasileiros realmente sabem o que há em suas mesas?       Notoriamente, a conturbada rotina vivida promove a praticidade de alimentos industrializados e fast foods -altamente gordurosos e com baixos teores de vitaminas e minerais. Consequentemente, doenças ligadas ao sedentarismo e maus hábitos alimentares atingem percentuais altíssimos da sociedade. A exemplo, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, uma em cada cinco pessoas no país está acima do peso. Entre as crianças os índices são ainda mais assustadores, 14,2% da população.       Ademais, escândalos envolvendo a comercialização de alimentos impróprios para o consumo trazem à tona os perigos inconscientes aos quais a sociedade está exposta. Nesse contexto está a Operação Carne Fraca que deflagrou irregularidades em grandes frigoríficos brasileiros, como a reutilização de carnes fora do prazo de vencimento e a adição de substâncias ilícitas nas mesmas. Outrossim, informações nutricionais enganosas dificultam as escolhas alimentares e o uso incorreto e excessivo de produtos químicos, como agrotóxicos e conservantes, no processo produtivo representa riscos, muitas vezes desconhecidos, à população.       A partir do exposto, mostra-se essencial garantir a qualidade dos componentes das refeições das famílias brasileiras. De fato, fiscalizações rígidas em indústrias alimentícias, investimentos em pesquisas que revelem os reais riscos do consumo de compostos químicos e consequente criação de aparato legal para regulamenta-los são necessários para recuperar a credibilidade de um dos maiores produtores e exportadores de gêneros alimentícios do mundo. Também é essencial promover uma reeducação alimentar, a partir de oficinas em escolas que auxiliem os pais na promoção de refeições saudáveis para seus filhos. Só assim, a nutrição voltará a ser o princípio de todo alimento.