Enviada em: 21/02/2018

Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, afirmou que "A alimentação é uma questão ética", isto é, pressupõe a integridade e o equilíbrio. Em contrapartida, observa-se a degeneração dos hábitos alimentares no Brasil, marcados pelo desequilíbrio nutricional e pela manifestação de patologias como a diabetes, a hipertensão e doenças cardiovasculares. Nessa perspectiva, cabe analisar tal problemática sob a ótica da frágil saúde pública e das implicações culturais inerentes.            Em primeira análise, é essencial pontuar que uma alimentação irregular se constitui como um problema de saúde coletiva. A célere indústria alimentícia corrobora com tal quadro, tendo em vista os rótulos com informações vagas sobre o produto, negligência de fiscalização e abuso da publicidade. Em adição, é notável a expansão da rede de "fast-foods", ampliando substancialmente o acesso a refeições instantâneas e de baixo valor nutricional. Em confirmação ao supracitado, uma pesquisa do Ministério da Saúde constatou que 52% da população está acima do peso. Diante disso, perpetua-se o descaso com a alimentação balanceada.         Outrossim, é válido salientar as nuances comportamentais da questão. Conforme explana a Psicologia, a Pressão Seletiva Sociocultural é a coerção que o meio exerce nos hábitos do indivíduo. A partir dessa perspectiva, nota-se que o ambiente no qual a alimentação rica em gordura e carboidrato é observada e incentivada conduz o indivíduo a adotar o meso comportamento maléfico, fomentado, também, pelos padrões da sociedade de consumo e pelos fenômenos midiáticos. Em face disso, constata-se a influência do meio nas escolhas alimentícias do ser social.            Mediante esse cenário, alternativas são necessárias para atenuar a problemática. Dessa forma, é primordial a inserção do ensino de educação alimentar na grade curricular dos ensinos Fundamental e Médio, sendo adaptado às capacidades de compreensão de cada série, por meio de palestras, feiras culturais e debates. Concomitantemente, é fundamental que o Ministério da Comunicação possa transmitir em emissoras abertas de televisão e na internet programas informativos que mostrem os efeitos nefastos da alimentação prejudicial. Convém, ainda, a intervenção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, fiscalizando com maior periodicidade a composição nutricional dos produtos. Feito isso, o cidadão pode ter plena formação tanto corporal quanto identitária.