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Enviada em: 09/08/2019

O documentário estadunidense "Super Size Me" - A dieta do palhaço, evidencia o experimento realizado no qual o diretor se alimenta constantemente apenas de comida produzida em uma conhecida rede de Fast-food, de modo a expor os efeitos físicos e psicológicos degradantes que esse estilo de vida provoca nos indivíduos. Nesse contexto, tal constatação pode ser relacionada de maneira análoga ao cotidiano de grande parte da população brasileira, visto que, para além do consumo latente de comidas rápidas, os alimentos ultraprocessados mostram-se inerentes à dieta do tecido social hodierno, o que pode acarretar problemas de saúde pública, bem como econômicos ao Estado.       Em primeiro plano, é indubitável que a imposição dos produtos ultraprocessados no mercado tem sido campo fértil para a fragilidade na saúde do corpo social. Isso porque, de acordo com o sociólogo francês Emile Durkheim, o homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que a propaganda massiva de produtos altamente calóricos e cada vez mais acessíveis impõe o seu consumo à população e, consequentemente, torna uma dieta débil, com produtos pouco nutritivos e gordurosos que, inevitavelmente, aumentam os riscos de doenças crônicas. Assim, é inconcebível que o padrão alimentar brasileiro seja ferido frontalmente em decorrência da manutenção sem precedentes desses alimentos no país.       Outrossim, deve-se considerar, também, que a interferência dos ultraprocessados na segurança alimentar da população impacta diretamente o sistema econômico Estatal. Isso se deve ao fato de que o consumo frequente de produtos industriais modificados, invariavelmente, desencadeia problemas cardiovasculares, de diabetes e de hipertensão que, a médio e longo prazo, necessitarão do amparo governamental como provedor de saúde pública. A esse respeito, segundo levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira se encontra acima do peso, reflexo de uma alimentação desbalanceada. Nesse sentido, tal realidade ilustra a importância da atuação do Estado quanto ao controle desses alimentos, visto o impacto econômico significativo que esse panorama pode acarretar, gerando investimentos onerosos ao aparato público.       Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, fica a cargo do Ministério da Saúde a formulação de um projeto educativo-informativo eficiente que induza a mudança no comportamento alimentar da população. Isso pode ser realizado por meio de campanhas publicitárias periódicas em canais de TV aberta, na qual profissionais da saúde debatem de maneira breve e explicativa os riscos do consumo de alimentos processados, a fim de explorar a criticidade do tecido social e direcionar a sua alteração das práticas alimentares.