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Enviada em: 03/08/2018

Em sua obra de cunho naturalista, Aluísio de Azevedo retrata a trajetória de João Romão desde o momento em que herda a taverna de seu patrão até a conclusão de seu império, tornando-o rico. Não obstante, o personagem, que tinha como sua empregada e amante Bertoleza, ao atingir seus objetivos vende-a como escrava, evidenciando a visão objetificada do sexo feminino para ele. Contudo, apesar de passar-se no século XIX, é evidenciado na referida produção literária a objetificação da mulher, problema que persiste a assolar o Brasil do século XXI, em especial nos anúncios publicitários. Decerto, é inegável a persistência da problemática devido, principalmente, a uma mídia que se aproveita do machismo enraizado no pensamento social brasileiro para obter cada vez mais lucro.     Mormente, a perpetuação da problemática é resultado do pensamento machista enraizado no corpo social do país que enxerga na mulher um objeto sexual. Sob essa ótica, o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau afirma que a natureza fez o homem feliz e bom mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável. Ao analisar tal afirmação em conjunto à teoria determinista- o homem é fruto do meio, da raca e do momento histórico- é possível perceber que o machismo brasileiro é resultado de uma cultura patriarcalista hereditária e que incentiva sua juventude a ser inserida nesse contexto perpetuando tal pensamento, como retratado na obra de Azevedo com João Romão, resultado dessa sociedade.    Outrossim, os meios midiáticos aproveitam-se desse cenário machista da sociedade brasileira para lucrar cada vez mais com seus anúncios que tornam a mulher um objeto sexual. Tais fatos podem ser exemplificados por dados do Instituto Patrícia Galvão e Instituto Data Popular no ano de 2016 que mostram que 84% dos respondentes concordam que o corpo da mulher é usado para a venda de produtos nas propagandas de TV. É inegável a maciça presença do sexo feminino em diversas publicidades que buscam por meio da retratação excessiva do corpo feminino, obter altos lucros ao incentivar o sexo masculino a consumir o produto e a perpetuar o machismo e a violência sexual.     Infere-se, portanto, que a objetificação feminina na publicidade é resultado de uma mídia que aproveita do pensamento social para lucrar. Todavia, cabe ao Ministério das Comunicações que, em conjunto com a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, combatam os anúncios publicitários que retratem o corpo feminino de maneira abusiva e que incite comportamentos sexuais, por meio de campanhas em redes sociais e criação de leis que criminalizem tais atos, a fim de que os meios midiáticos deixem de incentivar tais comportamentos e que a objetificação da mulher fique no passado. Com tais atos, a o sexo feminino deixará, de forma gradativa e eficaz, de ser visto como objeto sexual e, com isso, ajudará a reduzir casos de violência sexual e doméstica.