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Enviada em: 04/08/2018

Desde a literatura barroca, século XXII, a figura feminina foi edificada quanto a um instrumento de sedução.Gregório de Matos, por exemplo, refere-se a elas como  "anjo que me tenta e não me guarda”. De maneira análoga, a mídia televisiva do país tem tratado o corpo feminino  como uma ferramenta publicitária, capaz de gerar lucro aos grandes empresários. Assim, torna-se imprescindível combater esse cenário, uma vez que ele desvaloriza as mulheres, além de estimular a violência sexual.       Para a filósofa Simone de Beauvoir, durante a puberdade, a menina descobre que tornar-se mulher, mesmo no sentido biológico, não consiste em tornar-se um ser humano autônomo, mas em um mero objeto sexual. Nesse sentido, é inegável que em muitas peças publicitárias, veiculadas na mídia brasileira, as mulheres são estereotipadas e hipersexualizadas. Assim, mesmo que o sexo feminino tenha alcançado certa independência financeira, a cultura patriarcal ainda permanece enraizada no comportamento da sociedade, refletindo-se na mídia televisiva do país. Em pesquisa recente do Instituto Patrícia Galvão e Instituto Data Popular, 84% dos respondentes concordam que o corpo da mulher é usado para a venda de produtos nas propagandas de TV e 58% entendem que a mulher é representada como objeto sexual nessas campanhas, corroborando a problemática exposta.       Consoante ao tema, verifica-se que a objetificação do corpo feminino tem várias consequências danosas. A primeira delas é a estereotipação da mulher e o estabelecimento de padrões estéticos irreais. Nesse viés, as próprias garotas tendem a aceitar esse cenário de banalização, sofrendo, assim, danos de autoestima e de socialização. Outrossim, observa-se que os discursos propagandísticos, tal como a frase de uma propaganda de cerveja "vai Verão, vem Verão", para se referir à personagem feminina, podem estimular o abuso e a violência sexual, posto que o pensamento machista é sutilmente difundido nessas publicidades. Logo, deve-se impedir que tal inércia se perpetue.         Portanto, fica claro que a propagação da mulher como um objeto necessita ser combatida, haja vista o cenário de desvalorização feminina, enraizado sutilmente na esfera social. Para que isso ocorra, cabe ao Poder Legislativo, por meio da aprovação de uma lei que proíba os anúncios com imagens objetificadas da mulher, mitigar o comportamento machista na sociedade. Multas e sanções penais também devem ser impostas, em parceria com o setor Judiciário, para intimidar essas empresas e acabar com o patriarcalismo imposto. Ademais, a  Secretaria Especial de Comunicação Social deve reverter esse quadro, veiculando imagens, fotos e vídeos positivos a respeito da imagem feminina nas redes, tanto televisivas quanto virtuais, para desenvolver uma autoestima favorável nas próprias mulheres,a fim de que elas se valorizem e lutem ativamente a favor da igualdade entre os dois gêneros.