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Enviada em: 05/05/2017

Objetificar é oprimir       Apesar da evolução das discussões sobre gêneros, direitos iguais ou mesmo feminicídio, ainda há muitas questões que são camufladas pela sociedade. Uma dessas é a objetificação sexual das mulheres no meio publicitário que tem como causas não somente a normalização da cultura de ataque ao pudor, mas também a imposição da sexualidade como fator de autoaceitação.         A sexualidade se tornou fator cultural no Brasil por motivos. Primeiro, o sexo desmedido e desca-rado vende, sustentando, com isso, um comércio multimilionário atualmente. Prova disso é ligar a televisão e só se assistir a programas, como Pânico na Band, escrachando corpos femininos seminus e a propagandas colocando a mulher como prêmio para o homem, fazendo do ataque ao pudor estratégia publicitária e fonte de audiência. Segundo, a falta de uma discussão concisa sobre o que realmente é a objetificação do corpo e suas reais consequências dentro de um mundo tão conectado. Hoje, por exemplo, crianças têm contato a pornografia com uma facilidade impensável há dez anos; músicas com letras de baixo calão definindo a mulher como fonte de prazer viram hits no país; e é normal, ao conectar-se ao Facebook, deparar-se com publicidades indecentes de maneira abusiva.         Ademais, outro fator para a objetificação sexual do corpo ser uma lamentável realidade é a aceita-ção, por parte das próprias mulheres, a esse tipo de repressão, transformando a supervalorização da sexualidade como algo necessário para a autossatisfação. Fato que é resultado de um processo longo de formação de mentalidade construído à base da imposição midiática. Em revistas, em outdoors, em redes sociais, em todo lugar as mulheres são bombardeadas com a difamação e a descaracterização da sua beleza. O cabelo adequado, o rosto perfeito, o corpo ideal, tudo é milimetricamente definido em relação a modelos anorexias que vivem sob rígidas dietas alimentares, produtos estéticos caros e depressão escondida por detrás de sorrisos falsos. O problema de tudo isso é o fato de esses padrões serem aceitos como absolutos pela maioria das mulheres.         É imprescindível, portanto, que se lute contra a descaracterização do corpo feminino como objeto sexual. Para isso, a criação de leis específicas contra a exposição excessiva de imagens sensualizadas na televisão aberta ou em outdoor, assim como músicas que denigrem em locais públicos ou em canais de rádio, com sujeição a multa severa. Além disso, as escolas devem dispôr de programas sociais de discussão sobre a importância da mulher na sociedade e do respeito ao pudor. Por fim, cabe ao Estado a promoção maçante de publicidade sobre o amor-próprio, a fissura por padrões inalcançáveis e vida saudável. Somente assim, zelar-se-á pela integridade física e psíquica das mulheres atuais.