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Enviada em: 13/07/2018

Para Sócrates, não vive-se para comer, mas come-se para viver. De fato, desde a Primeira Revolução Industrial, tempo, comida e lucro, estão intrinsecamente ligados e geram problemas relacionados ao consumo. No Brasil, a nutróloga e cozinheira Bela Gil fez sucesso ao tentar vencer os desafios do uso contínuo e abusivo de agrotóxicos e o limitado acesso à uma alimentação saudável.      Em primeiro lugar, a Revolução Verde, na década de 1950, possibilitou alcançar maiores níveis de produtividade, mas trouxe com ela o alto consumo de substância tóxicas em alimentos. Segundo o Censo Agropecuário Brasileiro, quanto maior a terra destinada à agricultura, maior é o uso de agrotóxicos. Tal dado é alarmante, uma vez que os alimentos mais ingeridos são produzidos em grande escala e chegam à mesa da população sem nenhum tipo de aviso prévio sobre as substâncias empregadas durante o processo. Em decorrência disso, doenças como o câncer, alergias e falência dos rins acometem cada vez mais a população.       Ademais, poucas pessoas têm a oportunidade de escolher o que vão comer e, por isso, a parcela da população que se alimenta bem ainda é pequena. Nesse contexto, Bela Gil afirma que comer é um ato político, pois está relacionado a outros fatores determinantes, como por exemplo, o espaço onde se vive, a renda e a oferta de comida. Por conta disso, os alimentos orgânicos com melhor procedência tem preços elevados, enquanto o excedente de baixa qualidade é destinado à grande parte da população. Essa, então, fica à mercê da indústria alimentícia que escolhe o que e como produz.      Portanto, medidas coletivas devem ser tomadas. O Ministério da Agricultura deverá apresentar incentivo fiscal para as pequenas empresas orgânicas por meio da diminuição da carga tributária delas, a fim de que possam ser igualmente competitivas no mercado e com intuito de aumentar a quantidade de companhias voltadas para melhorar a alimentação da sociedade brasileira. Além disso, o Ministério da Saúde deverá adotar uma nova exigência quanto ao modelo de rotulagem frontal dos alimentos, na qual os riscos de consumo sejam explícitos e não na parte posterior, para que o consumidor possa ter ciência instantânea dos riscos apresentados, e consequentemente, fazer escolhas mais saudáveis. Assim, poder-se-á viver em um Brasil com menos desafios e mais consumo cônscio.