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Enviada em: 17/07/2018

Para Sócrates, "não vive-se para comer, mas come-se para viver". De fato, desde a Primeira Revolução Industrial, tempo, comida e lucro estão intrinsecamente ligados e geram problemas relacionados ao consumo. Nesse sentido, desafios como o uso contínuo e abusivo de agrotóxicos e o limitado acesso à uma alimentação saudável, precisam de de ser melhor debatidos no Brasil    Em primeiro lugar, a Revolução Verde, na década de 1950, possibilitou alcançar maiores níveis de produtividade, mas trouxe males, como, por exemplo, o alto consumo de substâncias tóxicas em alimentos. Segundo o Censo Agropecuário Brasileiro, quanto maior a terra destinada à agricultura, maior é o uso de agrotóxicos. Tal dado é alarmante e nocivo, uma vez que os alimentos ingeridos são produzidos em grande escala e chegam à mesa da população sem nenhum tipo de aviso prévio sobre as substâncias empregadas durante o processo. Em decorrência disso, doenças como o câncer, alergias e falência dos rins acometem cada vez mais a população    Ademais, poucas pessoas têm a oportunidade de escolher o que vão comer e, por isso, a parcela da população que se alimenta bem ainda é pequena. Nesse contexto, a nutróloga e cozinheira Bela Gil afirma que comer é um ato político, pois está relacionado a outros fatores determinantes como a renda, a o espaço onde se vive e a oferta de comida. Por conta disso, os alimentos orgânicos com melhor procedência têm preços mais elevados, enquanto o excedente de baixa qualidade é destinado à grande parte da população. Essa, então, fica à mercê da indústria alimentícia que escolhe o que e como produz.    Portanto, medidas coletivas devem ser tomadas. O Ministério da Agricultura deverá apresentar incentivo fiscal para as pequenas empresas orgânicas por meio da diminuição da carga tributária delas, a fim de que possam ser igualmente competitivas no mercado e com intuito de aumentar a quantidade de companhias voltadas para melhorar a alimentação da sociedade brasileira. Além disso, o Ministério da Saúde deverá adotar uma nova exigência quanto ao modelo de rotulagem frontal dos alimentos, na qual os riscos de consumo sejam explícitos e não na parte posterior, para que o consumidor possa ter ciência instantânea dos riscos apresentados e, consequentemente, fazer escolhas mais saudáveis. Assim, poder-se-á viver em um Brasil com menos desafios e mais consumo cônscio.