Materiais:
Enviada em: 29/08/2017

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente ao mundo atual acelerado, está recheado de problemas relacionados à má alimentação e ao peso excessivo que é uma das faces ruins de uma sociedade desenvolvida. Nesse contexto, a preferência por alimentos não saudáveis parece até aceitável, porém a obesidade nesse cenário, é um dos menores fatores. Mormente, ao avaliar a aceleração por um prisma estritamente histórico, nota-se fenômenos decorrentes na atualidade. A velocidade existe desde o século XVll, no Iluminismo onde existia uma atração e preocupação em melhorar o futuro, de outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman diz, que por conta da liquidez o poder momentâneo toma muito mais espaço. Nesse sentindo, a falta de tempo dos brasileiros em poder preparar seus alimentos ou até mesmo a dificuldade de sentar à mesa para comer acaba levando o corpo social a fazer refeições em horários irregulares e consumir produtos industrializados e os famosos fast-foods, não saudáveis e calóricos que podem surgir inúmeras consequências nesse mundo desenvolvido. Sob essa conjectura, é possível salientar que o sobrepeso é um dos problemas que mais se destaca. A obesidade é o acumulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, a variedade de problemas que, em conjunto, pode prejudicar ainda mais a saúde da pessoa. Segundo o Ministério de Saúde, temos pela primeira vez no Brasil uma população majoritariamente com acúmulo de gordura com 51%. Podemos ainda dizer que existem outros frutos do problema: desequilíbrios psicológicos, problemas físicos, diabete e o aumento do colesterol ruim LDL, que é perigoso e pode levar ao aparecimento de doenças cardiovasculares e derrame, por exemplo. Existem incentivos para promoção e prevenção da saúde, como o Projeto Saúde na Escola, entretanto, nem todas as escolas tem esse atendimento. Diante do exposto, podemos concluir que existe uma necessidade de minimizar a prática do consumo de produtos irregulares, de modo que suas sequelas sejam cada vez menores. Sendo assim, cabe ao Ministério da Educação (MEC) e as escolas intensificar os projetos, tornando possível a criação de núcleos ligando a saúde e educação como centros de saúde, ginásios esportivos, palestras com nutricionistas e até aulas de gastronomia, afim de tratar o problema desde a base. A família e mídia também podem trabalhar a valorização da comida saudável através de conversas, debates e campanhas. Só assim, tratando as causas e diminuindo os efeitos, Brás Cubas teria se orgulharia de uma sociedade desenvolvida e consciente.