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Enviada em: 05/10/2017

Dada a sua imponente extensão territorial e diversidade climática e topográfica, o Brasil é um dos países com maior potencial de produção de alimentos. Essas características fortalecem a ideia de segurança, necessária a um país em desenvolvimento. Todavia, a alimentação brasileira encontra-se ameaçada, seja pela produção insustentável, seja pelo possível esgotamento dos recursos hídricos.        Em primeira análise, cabe pontuar que a agropecuária atual e os seus métodos de produção representam um desafio futuro. Nesse contexto, o uso intensivo do solo, aliado ao emprego excessivo de agrotóxicos, comprometerão toda a cadeia produtiva dos próximos anos. Isso ocorrerá, pois ao utilizar a monocultura em uma área muito extensa, como ocorre no plantio de soja, os nutrientes do solo são esvaídos rapidamente, processo que gera a desertificação e impossibilita a utilização da área para a agricultura ou pecuária. Por outro lado, o consumo descomedido de agrotóxicos propicia a evolução de insetos e ervas daninhas mais resistentes aos venenos, o que pode tornar a situação insustentável, ao exigir enorme capital para o desenvolvimento de novos inseticidas e herbicidas e oferecer enorme risco à saúde pública.         Ademais, convém frisar que os processos supracitados interferem diretamente na disponibilidade de água. É inegável que os recursos hídricos estão na base da cadeia produtiva dos alimentos, no entanto, o aumento da área destinada à agropecuária abala esse equilíbrio, pois o desmatamento das matas ciliares é fator crucial para o processo de erosão, que destrói as nascentes. Além disso, muitos agricultores, para irrigar suas lavouras, extraem imenso volume de água do rios, com isso muitos cursos d'água não suportam os períodos de estiagem e secam definitivamente. O resultado dessas práticas é comprovado nos dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que aponta a extinção de aproximadamente 1300 nascentes entre 1990 e 2012 no território brasileiro.         Em virtude dos fatos mencionados, percebe-se que o futuro do consumo de alimentos no país enfrenta grandes desafios, logo torna-se imperativa a adoção de medidas para contorná-los. Para isso, o Ministério da Agricultura deve oferecer incentivos fiscais aos produtores que substituírem, parcialmente, o uso de agrotóxicos pelo controle biológico. Outrossim, o Estado, na figura do Poder Legislativo, deve instituir maiores penas e multas ao produtor que desmatar as margens dos rios e fazer a extração demasiada de suas águas, bem como tornar a reposição de material orgânico no solo obrigatória, seja por utilização do sistema de rotatividade, seja pelo descarte de resíduos da própria colheita. Destarte, poder-se-á afirmar que o Brasil oferecerá os mecanismos necessários à prevenção dessa problemática.