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Enviada em: 20/08/2018

Na obra "Capitães de Areia", o autor Jorge Amado retrata o tratamento repressivo realizado durante o Estado Novo contra jovens e crianças, que por causa do abandono e da exclusão social, acabavam entrando para a criminalidade. Dessa forma, o livro mostra que essa problemática persiste intrinsecamente ligada à dificuldade de inserção social de crianças e adolescentes, o que aumenta a criminalidade, em conjunto com a falta de políticas públicas eficazes para resolver a questão.    Ao analisar por um prisma histórico, verifica-se que durante a Revolução Industrial  o uso da mão de obra infanto-juvenil nas fábricas era, além de comum, vantajoso para a burguesia, pois, o salário era mais barato que o de um homem adulto, só havendo uma mudança na situação laboral com o Cartismo, movimento que conseguiu reduzir a jornada de trabalho infantil para oito horas. Sendo assim, esse acontecimento conecta-se com a atualidade por meio da dificuldade de inserção social de crianças e adolescentes no Brasil, já que, mesmo com a Constituição Federal de 1988 sendo clara quanto a proibição do trabalho infantil, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de 2,7 milhões de jovens trabalham no país, o que dificulta o acesso educacional e facilita a entrada na criminalidade, em virtude de várias formas de trabalho infantil estarem relacionadas com o crime organizado, como o tráfico de drogas e a exploração sexual.     Por conseguinte, é indubitável que as chagas da atualidade são a falta de políticas públicas que garantam os direitos infanto-juvenis na prática, visto que mesmo com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um dos mais avançados do mundo, os índices de violência sofridos por essa população permanecem exorbitantes, com uma taxa de 29 crianças e adolescentes mortos por dia, segundo noticia publicada pela Carta Capital. Ademais, o descaso do Poder Público com relação a educação dos jovens vem aumentando a problemática de evasão escolar, o que dificulta a garantia de direitos para esses cidadãos, logo, é vital que se siga o ideal de Immanuel Kant, que acreditava que a educação era essencial para a formação do homem, como forma de resolver a questão.     Portanto, para resolver os problemas apresentados no livro "Capitães de Areia" e seguir o ideal kantiano, o Governo deve criar um projeto que auxilie na inserção social da criança e do adolescente, com a garantia de vagas para os jovens em cursos profissionalizantes, em conjunto com uma política de incentivos fiscais para empresas que contratarem legalmente jovens aprendizes, para que assim, diminua o trabalho infanto-juvenil ilegal. Outrossim, é importante que o Ministério da Educação crie um programa educacional que eleve o número de bolsas de estudos, para que, dessa forma,  aumente o interesse do jovem pela educação, e, consequentemente, diminua a evasão escolar.