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Enviada em: 27/08/2018

Pequenos Adultos          Desemprego e miséria são fatores que podem fazer com que o ser humano se submeta a atos degradantes para sobreviver. No Brasil, país que historicamente apresenta tais características, não só adultos, mas como também crianças, se veem obrigados a exercer atividades que afetam diretamente a integridade do ser humano. Esse infeliz quadro foi atenuado com a criação, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente que, ideologicamente, representou grande passo para atenuar o contexto de vida de grande parte de nossos jovens. Entretanto, na prática, mazelas antigas ainda persistem com intensidade, nas quais se destacam o trabalho e analfabetismo infantis, que são resultados diretos da situação de penúria de muitas famílias brasileiras.          Primeiramente, os números do trabalho infantil no Brasil preocupam: de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra Por Domicílio, em 2015, mais de 2,7 milhões de crianças estavam submetidas a situações de trabalho no Brasil. Desse modo, com grande parte dos jovens atuando no ramo laboral precocemente, esses pequenos adultos podem desenvolver sérios problemas de desenvolvimento tanto físico como intelectual. Este último, derivado do analfabetismo e da baixa escolaridade, pode atrapalhar a ascensão social do indivíduo no futuro.         Com efeito, sendo analfabeto e tendo pouco desenvolvimento de suas faculdades, ao depara-se com um mercado de trabalho altamente excludente de profissionais pouco capacitados, o jovem, inevitavelmente, vem a deparar-se com escolhas de sobrevivência: ir para o mundo do crime ou submeter-se à trabalhos altamente insalubres, sem qualquer seguridade social ou direitos trabalhistas. Tudo isso gera um ciclo de violência e pobreza em que os filhos herdam toda a carência econômica seus progenitores.         Tendo em vista que a delicada situação de muitas crianças e jovens brasileiros deriva diretamente do quadro econômico do país, portanto, se fazem necessárias medidas que fomentem o emprego, a geração de renda e a ascensão social. Em primeiro lugar, o combate ao trabalho infantil apresenta um grande empecilho. Aquele antigo paradigma de que ''é melhor estar trabalhando do que roubando'' não deve ser alimentado, pois além de o trabalho infantil provocar sérios problemas para o desenvolvimento da criança, não garante a melhora de vida do mesmo que só pode ser promovida com acesso à escola de qualidade, emprego e, no curto prazo, programas sociais. Neste último item, destaca-se o Bolsa Família, que, se ampliado com a ajuda de ONGs que visitem comunidades carentes e registrem no mesmo as pessoas que não tem conhecimento de seus direitos, pode aliviar esse triste cenário.