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Enviada em: 18/08/2018

As relações econômicas, de fato, moldam as relações sociais como evidenciado por Karl Marx. Exemplo disso é que, após a consolidação de uma estrutura econômica baseada no campo durante o final do século XIX e o início do XX, também consolidou-se, dentre outros motivos, a ideia de um arranjo familiar numeroso no imaginário social brasileiro. Isso ocorreu principalmente para atender a necessidade de mão-de-obra dessas famílias e garantir, assim, a sua sobrevivência e o seu ínfimo lucro. Esse tipo de cerceamento da liberdade das crianças e dos jovens - direito fundamental - ainda permanece e, dessa maneira, impede que outros direitos deles sejam garantidos.      O novo tipo dessa velha restrição tem como cenário um capitalismo selvagem, concentra renda e aumenta o abismo social, e uma oposição corpo-mente. Nesse sentido, as crianças e os jovens de classe pobre - por, simplesmente, não poderem ir às escolas - destinam-se ao trabalho braçal a fim de suprir as necessidades econômicas. Enquanto aqueles de classe rica - mesmo que tenham acesso a uma educação de "qualidade" com as seguintes diretrizes: criar corpos e mentes dóceis, produtivos e disciplinados - enveredam-se pelo caminho do trabalho intelectual com o intuito de, também, atender aos interesses do mercado. Com efeito, ambos têm as suas liberdades penalizadas de formas diferentes e, consequentemente, os seus demais direitos violados.      Portanto, para garantir os importantes direitos das crianças e dos jovens brasileiros - pobres e ricos, é necessário, em um primeiro momento, possibilitar o exercício de sua liberdade. Tal proposta pode ser implementada a partir da oferta de uma educação que, além de não se submeter aos interesses das elites econômicas, seja formadora, indócil e libertadora - defendida pelo educador Paulo Freire. Como o estabelecimento de práticas educativas que priorizem a formação de valores de cidadania e a intensificação da construção vínculo afetivos entre educandos e educadores.