“Oh! Que saudades eu tenho, Da Aurora da minha vida”. Esses são os versos inicias da obra “Meus oito anos”, do escritor brasileiro Casemiro de Abreu, na qual, este retrata a infância com saudosismo, exaltando seus prazeres. No entanto, no Brasil, a realidade de milhares de crianças e adolescentes é perversa, com a presença de mazelas sociais, como consequência da inobservância do respeito aos seus direitos. Primeiramente, deve-se considerar a invisibilidade social como efeito do desrespeito às garantias legais reservadas à população infanto-juvenil. Nesse contexto, órfãos e jovens moradores de rua, majoritariamente, não possuem acesso à moradia, à educação e à saúde, e, por conseguinte, crescem pacientes de um processo de marginalização corroborado pela sociedade. Nesse sentido, cabe ressaltar o romance do escritor Jorge Amado, “Capitães de areia”, o qual aborda a vida de um grupo de meninos abandonados em meio à hostilidade urbana, destacando-se, entre outros, por ser um espasmo de visibilidade a esse grupo, em um ambiente de desimportância social. Dessa forma, verifica-se que a realidade de parte das crianças e adolescente acarreta problemas no desenvolvimento físico e psicológico, contrários à lei. Ademais, o trabalho infantil, prática inconstitucional, ainda demonstra-se presente no cotidiano brasileiro. Nessa perspectiva, apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente limitar a ação laboral do contingente com menos de 18 anos à condição de aprendiz, na realidade, tem-se a exploração deliberada dessa mão de obra. Tal inferência se faz coerente diante os dados do IBGE, no qual, no ano de 2015, mais de 2,5 milhões de crianças e adolescentes trabalhavam. Em virtude de tal panorama, há o desmantelamento do futuro dos cidadãos brasileiros, uma vez que sem educação e condições adequadas, tais indivíduos não se desenvolverão corretamente, ocasionando em um déficit no mercado de trabalho qualificado e de inovação tecnologia. Portanto, é possível inferir que o desrespeito aos direitos sociais destinados aos infanto-juvenil é recorrente e prejudica o corpo social inteiro. Destarte, a invisibilidade social e o trabalho infantil impossibilitam o exercício dos privilégios da criança e do adolescente. Então, faz-se necessário a atuação de diversos agentes públicos, em especial, ONGs e o Ministério dos Direitos Humanos. Primordialmente, cabe às Instituições, como a ONG Casa do Zezinho, acolher os socialmente invisíveis, como moradores de ruas, por meio de abrigos e do fornecimento de bens básicos, a fim de diminuir o estado de exclusão dessas pessoas. Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos deve criar estratégias de combate ao trabalho infantil, como a criação de um portal de denúncia e um mecanismo de averiguação, preservando a infancia.