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Enviada em: 16/08/2018

A Constituição Federal de 1988, norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro, assegura a todos o direito à saúde. Entretanto, a cultura de má alimentação impede que os brasileiros experimentem esse direito na prática, o que se mostra um problema social a ser modificado, sob pena de graves prejuízos ao organismo.   Em primeiro plano, o apelo midiático exerce influência histórica na construção de um cardápio pouco saudável. A esse respeito, os sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer propuseram, no século XVII, o conceito de Indústria Cultural, segundo o qual há tentativa midiática de padronizar os comportamentos da população e facilitar o consumo. Nesse contexto, as grandes empresas de comida industrializada uniformizam propagandas, sabores e produtos, a fim de impor à sociedade o modelo invariável de "fast-foods". No entanto, não é razoável que a imposição publicitária persista em incentivar hábitos alimentares inapropriados para manutenção da saúde dos indivíduos em um Estado democrático de direito.   De outra parte, o incentivo aos "fast-foods" compromete a construção de um consumo alimentar saudável. Nesse contexto, para fomentar tal estratégia de mercado, é preferível às indústrias alimentícias a produção de alimentos ricos em gorduras hidrogenadas, capazes de aumentar o sabor e a durabilidade de seus produtos. No entanto, a utilização dessas gorduras aumenta a concentração da lipoproteína de baixa densidade, popularmente conhecida como colesterol ruim, cuja atuação favorece a ocorrência de placas de ateroma e contribui para doenças como a aterosclerose e até o infarto do miocárdio. Todavia, enquanto o incentivo à comida industrializada se mantiver, o brasileiro será obrigado a conviver diariamente com um dos principais problemas na contemporaneidade: a saúde fragilizada.   Urge, portanto, o direito à saúde seja, de fato, assegurado na prática, como prevê a Constituição Federal de 1988. Nesse sentido, a sociedade civil organizada deve, por meio de debates nas mídias televisivas e nas mídias sociais, repudiar o incentivo publicitário ao consumo alimentar pouco saudável, a fim de criticar a padronização imposta pela Indústria Cultural alemã. Essa iniciativa cidadã é importante porque pressionaria a indústria alimentícia a minimizar o uso de gorduras hidrogenadas nos produtos de consumo diário e colaboraria para desconstruir, no Brasil, a alimentação nociva.