Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Efeito bolha: o problema agravado pelas redes sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Os impactos do efeito bolha causado pelos algoritmos do Facebook para o
direito de resposta
Em face do envolvimento cada vez maior dos indivíduos na produção e compartilhamento da informação, há uma disponibilidade muito grande de conteúdo, que pode ou não estar associado
ao interesse de cada usuário. Nesse sentido, ferramentas de busca e seleção de conteúdo se tornaram muito populares rapidamente.
Estas plataformas se tornaram o principal meio de acesso e disseminação de informações da atualidade. Há uma grande parcela de pessoas que leem as informações somente a partir do Facebook e não visitam os sites das agências de notícias.
Há, portanto, grande poder nesta mediação, o que gera bastante preocupação do ponto de vista do exercício ao direito à informação e ao exercício da democracia. Em face de sua capacidade de processamento informacional, adquirida pela mineração de dados de navegação e comportamento na rede, plataformas como Google e Facebook.
As redes sociais e os mecanismos de buscas se tornaram a grande plataforma de mediação de acesso a informação do século XXI. Seu sucesso é devido ao poder de seleção de conteúdo rele-
vante para o usuário em face da grande quantidade de conteúdo produzido pela sociedade cibernética.
Contudo, a seleção automática de conteúdo pelos algoritmos de inteligência artificial dessas plataformas produz efeito colateral, cujos malefícios começam a ser discutidos, tais como o efeito bolha.
O efeito bolha tem restringido o acesso das pessoas à diversidade dos conteúdos, o que gera questionamentos quanto ao seu potencial antidemocrático. Do ponto de vista legal e do Direito, a limitação dessas plataformas em fazer transitar conteúdos diversos e antagônicos nas mesmas redes sociais gera preocupações quanto a sua efetiva capacidade de cumprimento de decisões judiciais que envolvem o direito de resposta.
Tal direito é definido na Constituição Federal de 1998, e sua existência está relacionada à proteção do direito de personalidade e direito à informação. O direito à informação está relacionado a toda a sociedade e ao direito difuso de acesso à verdade.
Disponível em: https://www.capitaldigital.com.br/wp-content/uploads/2021/02/Impactos-do-efeito-bolha-causado-pelos-algoritmos-do-Facebook.pdf (adaptado)
TEXTO II
Como as redes sociais formam bolhas de radicalização e intolerância
Em que medida a lógica das próprias redes e seus algoritmos contribui para radicalizar o comportamento de pessoas comuns, culminando em atos atípicos? Ao estimular a aproximação de usuários com pensamentos semelhantes, nossas timelines estariam nos empurrando para bolhas de polarização e intolerância? Para Márcia Siqueira Costa Marques, professora do curso de Mídias Sociais Digitais do Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, é preciso lembrar que as redes em si não são autônomas.
A inteligência artificial aprende e reproduz o comportamento humano com o objetivo de nos mostrar o que a gente gosta.
– Mesmo que tenhamos 2 mil amigos, a timeline não vai nos mostrar todos. Vai mostrar aqueles com que a gente mais interage dando likes, compartilhando, e, com isso, acaba fugindo da diversidade. Ficamos presos nas opiniões que fazem ecos a nossa, fechados nisso. Na rua, se você encontra uma pessoa com a qual não concorda, não tem como apertar um botãozinho e deletar, bloquear – analisa.
Na sua avaliação, uma das consequências desse estreitamento seria o aumento de casos de intolerância e racismo. Pessoas que antes poderiam ter pudores em manifestar uma opinião mais controversa ganham confiança ao encontrar outros com visões semelhantes, sendo encorajados a expressá-las.
– Se você é um idiota e percebe que tem um bando de idiotas ao seu redor, isso cria a ideia do “eu posso”. Se tem muita gente pensando a minha ideia, então ela é válida – exemplifica.
A economia da rede social é a atenção. E o que ganha atenção? O que você ama ou odeia. Se você lê uma notícia superinformativa e acha legalzinha, mas não interage, o algoritmo pensa que você não se importa. Aí, se você lê alguma declaração mais forte tende a reagir. Então, a gente acaba indo para as bordas, o que é perfeito para os movimentos extremados – alerta.
Assim, mesmo quando você compartilha notícias que desaprova para criticá-las, contribuiu para aumentar o poder daquilo que condena.
– Sensacionalistas e extremistas tendem a criar mais ibope nas redes, é mais fácil reagir. – observa Steibel.
Quando ver algo de que não gosta, ignore. É a única coisa que você pode fazer pela saúde do seu Facebook. Vá para a janela, grite, mas não informe o algoritmo, senão vai achar que você gostou – recomenda o diretor do ITS Rio.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2016/11/como-as-redes-sociais-formam-bolhas-de-radicalizacao-e-intolerancia-8377226.html (adaptado)